"Inspiro-me na pessoa que vai usar a peça. A peça é sempre criada baseando-se no aspeto físico de cada cliente e a envolvência a que se destina"
A obra de Micaela Oliveira reúne inúmeras criações, desde moda nupcial, alta-costura às linhas de cariz "prêt-à-porter”. A estilista portuguesa, materializa, com uma visão ímpar, os desejos, sonhos e fantasias de mulheres que recorrem ao seu atelier.
Essa revolução na moda nupcial marcou o panorama nacional, pela intervenção inovadora, ousada e desprendida das convenções normativas associadas ao ramo. Uma das mentes criativas mais requisitadas pelas personalidades públicas.Na sua carreira internacional, destaca-se a presença em eventos como a Mozambique Fashion Week, Angola Fashion Week, Bridal Week, em Barcelona, ou Colombiatex, na Colômbia.
Por: Luana Teixeira
Como é que a paixão pela moda surgiu na sua vida?
A minha paixão surgiu de uma forma natural, a minha mãe estava ligada à moda, fazia coleções de criança.
Como eu estava sempre à volta dela as clientes dela pediam para eu bordar algumas coisas porque diziam que eu tinha imenso jeito e eu adora fazer bordados, então foi assim que comecei. Elas pagavam-me, mas sem eu cobrar, elas é que achavam imensa piada de eu ser pequenina e gostar de fazer coisas diferentes, então comecei a ganhar um bocadinho de gosto e a puder comprar coisas com esse dinheiro que recebia.
Depois segui economia, mas achei que não fazia sentido, porque achava monótono, então optei por esta área de sonho.
Qual foi a primeira peça que criou?
Não me lembro muito bem, a primeira peça que eu bordei foi o vestido de casamento da minha prima. O que mais me deu gozo foi fazer o primeiro vestido de noiva, expô-lo e vendê-lo. Eu fui entregá-lo e lembro-me que chorei no caminho para a entrega porque foi um sonho tornado realidade.
O porquê da moda nupcial?
Sou muito sonhadora, eu acho que tudo o que seja comemoração, alegria, tudo o que seja ligado aquela energia que se sente e à magia envolvente no casamento que envolve muito amor e muito carinho, muita ternura, são esses os sentimentos que eu gosto de sentir.
Fico feliz por fazer um trabalho que tenha as duas vertentes, a vertente comercial, mas também a parte mais humana, permitindo que haja uma ligação com a cliente.
Qual foi a sensação que teve quando soube que ia criar a sua marca?
Acabou por acontecer de uma forma natural, é inerente ao trabalho. Trabalha-se de forma normal, mas isso é inevitável, uma coisa leva à outra. As clientes começam a insistir e quando percebemos já estamos a trabalhar e aí faz todo o sentido termos uma marca própria. As pessoas querem uma exclusividade e querem uma assinatura.
Qual é a inspiração para as peças que cria?
Normalmente inspiro-me na pessoa que vai usar a peça. A peça é sempre criada baseando-se no aspeto físico de cada cliente e a envolvência a que se destina. Imaginemos que tem um casamento no campo ou na praia, o vestido não pode ser igual, ou seja, é feito mediante o impacto que quer causar nas pessoas/nos convidados. Além disso, a forma de ser e de estar, ou seja, a personalidade da noiva também tem de ser levada em consideração. Tudo é feito para cada uma das clientes de forma especial e cuidada, sendo que vai refletir mais do que a minha marca, vai refletir a sua personalidade e a sua forma de estar na vida.
Qual foi o acontecimento mais marcante da sua vida?
Talvez o Dança com as Estrelas, ter de fazer as peças semanalmente. Vesti a Rita Pereira, Sofia Ribeiro, uma série de pessoas dançaram com as peças que criei.
E quando a Cristina Ferreira deu o “Boom” dela digamos assim e tinha todas as atenções centradas nela.
Sendo que, a Cristina com a mudança de roupa fez com que todo o programa girasse à sua volta, o ponto alto do programa era relativamente a ela e não às danças realizadas. Foi um desafio, porque o programa era todo à base, do que é que ela vai vestir e semanalmente criar vestidos diferentes que tivessem de ser percetíveis em televisão e adequados ao corpo e ao gosto da Cristina, até porque existia uma distância geográfica que nos separava e isso acabava por ter algum peso.
A criatividade é um fator essencial para o sucesso?
Sim, a criatividade aliada à disponibilidade, à boa vontade e a querer fazer mais e melhor sempre, a persistência. É muito importante que as pessoas não deixem de sonhar, sigam o que querem realmente, e se sonharam envergar pela carreira da moda tem de perceber que não são só flores, tem de haver realmente muita entrega e trabalho por trás, e para o sucesso tem de haver trabalho, sendo que na área da moda isso ainda é mais evidente, pois as coisas acontecem muito rapidamente. Por isso, temos de estar sempre alertas, a trabalhar, a pesquisar e a melhorar, sem parar.
Como é que a sua marca se adaptou à Covid-19?
Foi muito complicado, porque a partir do momento em que surgiu a pandemia, eu percebi logo que as noivas não poderiam casar inicialmente, por isso procurei estar o mais próximo possível delas, dando-lhe todo o apoio. No entanto, não pude fazer muita coisa, tive mesmo que estagnar essa minha função de criar vestidos de noiva.
Mas comecei a fazer algumas máscaras para oferecer, para as mimar, porque num tempo tão difícil é muito importante que as pessoas se sintam acarinhadas, então ofereci às minhas clientes, às minhas noivas, às pessoas que estão connosco todo o ano.
Entretanto todas as clientes e seguidoras que viram quiseram um adereço mais fashion dentro daquilo que é e acabei por começar a comercializá-las.
Site Micaela Oliveira:
http://www.micaelaoliveira.com/pt/




